Vacinação Ocupacional – Autor Dr. Dimitrios Nikolaos

A medicina do trabalho, em sua essência de atuação mais pura de prevenção e promoção à saúde, é peça chave no sucesso do combate às doenças infecciosas e transmissíveis que podem ser adquiridas no ambiente laboral e além dos limites das organizações. A vacinação ocupacional visa a proteção dos trabalhadores e sociedade frente a essas patologias. Nós devemos, como profissionais atuantes majoritariamente em nível de atenção primária, estimular, orientar e letrar a nossa população quanto a importância da imunização, além de direcionar nossos pacientes quanto ao calendário vacinal, atualizações e campanhas. 

O nosso país tem um dos sistemas de saúde público mais robustos do mundo. Atuando como médico de família no SUS, vivenciei as ações e capilaridade da rede no que toca a imunização. O Brasil tem como fortaleza histórica em saúde a vacinação e, entre 2022 e 2024, observamos um aumento na retomada pós pandemia das taxas de vacinação infantil, segundo a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. E nós, médicos do trabalho, temos em nossa atuação a possibilidade de zelar por esse processo.

As vacinas recomendadas para trabalhadores podem variar conforme o setor de atuação, o risco de exposição e a região geográfica. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), em sua última atualização referente ao calendário 2024/2025, recomenda:

  • Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola): Profissionais de saúde; Os que cuidam de crianças menores de 12 meses, idosos, pessoas imunodeprimidas e/ou com deficiências de desenvolvimento, além de profissionais que trabalham em regime de confinamento. 
  • Hepatite A: Trabalhadores da saúde, educação, alimentação e em setores que lidam com manipulação de alimentos ou com grande risco de exposição a fontes de contaminação fecal-oral. 
  • Hepatite B: Profissionais da saúde com risco de exposição a sangue e fluidos corporais (por exemplo, médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório) e trabalhadores em ambientes de risco, como trabalhadores de indústrias de manipulação de sangue e derivados. 
  • dT (Difteria e Tétano): Trabalhadores da indústria, construção civil e setor agrícola que estejam expostos ao risco de acidentes com materiais cortantes, metálicos ou equipamentos de risco. 
  • dTpa (Difteria, Tétano e Coqueluche): Profissionais da saúde, especialmente aqueles em contato com neonatos, crianças e gestantes; trabalhadores da educação em contato com crianças pequenas; e profissionais de alimentação que tenham contato com o público em ambientes fechados. 
  • Influenza (Gripe): Todos os profissionais da saúde, trabalhadores da educação e alimentação, além de trabalhadores que atuam em ambientes com grande circulação de pessoas, como os de transporte público ou de serviços essenciais. . De forma geral, a vacinação contra influenza é estimulada e indicada para toda a população e categorias profissionais. 
  • Varicela (Catapora): Profissionais da saúde que não tenham histórico de infecção ou de vacinação contra varicela, além de trabalhadores da educação e da alimentação, que possuem risco aumentado de exposição. 
  • Meningocócicas conjugadas ACWY ou C e B: Trabalhadores da saúde que atuam em unidades de terapia intensiva ou em serviços de emergência com risco de exposição a meningococos, além de trabalhadores em ambientes com grande concentração de pessoas. 
  • Febre Amarela: Trabalhadores que atuam em áreas endêmicas, como profissionais rurais (agricultores, pecuaristas), trabalhadores de áreas de preservação ambiental e de controle de vetores, além de trabalhadores de setores com risco de exposição ao vírus da febre amarela.
  • Vacinas específicas como Raiva, Brucelose, BCG: Trabalhadores em contato direto e risco de exposição à doença.

A vacinação ocupacional é uma medida essencial para a proteção da saúde dos trabalhadores e manutenção de um ambiente de trabalho mais seguro, saudável, menos suscetível a doenças e sustentável. Nós, médicos do trabalho, devemos ampliar nossa prática além das normas regulamentadoras quando se trata de vacinação. Devemos ter um olhar sensível da epidemiologia local, ser um fator multiplicador e de engajamento às políticas em saúde.

Fonte: Ministério da Saúde (gov.br/saude); Sociedade Brasileira de Imunizações (sbim.org.br)

Autor: Dr. Dimitrios Nikolaos
Médico com atuação em Medicina do Trabalho e Medicina de Família e Comunidade. Pós-graduado em Medicina do Trabalho, com título de especialista reconhecido pela ANAMT, e MBA em Gestão de Saúde Corporativa.

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