Muito embora hoje se fale muito em Saúde Mental no Trabalho ou Transtornos Mentais no Trabalho cada um dos profissionais da saúde envolvidos com trabalhadores, independente de estarem diretamente vinculados com a área de Medicina do Trabalho ou da Saúde Ocupacional são convidados a fazerem uma imersão em si próprios buscando esta resposta. Afinal, somos todos trabalhadores e sujeitos de saber individual e coletivo para este tema.
A pergunta que precisa ser feita é: temos Saúde Mental em nossas vidas ou sofremos de algum transtorno no nosso dia a dia?. Quanto do trabalho tem colaborado para que eu desenvolva qualquer um destes dois aspectos antagônicos?
Cuido de mim quando também sou cuidado pelo outro e pela empresa. Os fatores ambientais, a organização do trabalho, os relacionamentos interpessoais, mas acima de tudo o respeito ao outro e as diferenças num mundo globalizado e que tem perdido valores sociais, do coletivo e os individuais são apenas uma possível e atual leitura do que é necessário se aproximar para se compreender, em profundidade, o mundo do trabalho e sua possibilidade de ser um mundo saudável e produtivo.
A Medicina do Trabalho não mais comporta uma leitura positivista e de um certo modelo de ciência necessitando compreender que outros fatores individuais e coletivos, agora ampliados pelas redes sociais e pela big data, influenciam sobremaneira as sociedades e, consequentemente, a forma das transações econômicas, sociais e políticas. O homem não é mais o mesmo de um sistema de trabalho trazido pela revolução industrial, dos grandes conglomerados ou mesmo de serviços. Temos um novo trabalhador fortemente influenciado pelas novas sociedades e novas formas de trabalho onde, segundo Byung-Chul Han, “todos querem ser diferentes uns dos outros”, o que força a “produzir a si mesmo”. “Vive-se com a angústia de não estar fazendo tudo o que poderia ser feito” o que somado a outros fatores do mundo do trabalho levaria ao burnout, segundo o filósofo.
Ampliar a percepção dos fatores que influenciam no trabalho, questionar-se sobre sua prática profissional, buscar novas possibilidades de auxiliar o trabalhador, tantas vezes vulnerável e sem autonomia do pensar e estar no mundo, é responsabilidade do profissional que tem em si a missão de auxiliar o outro em suas necessidades biopsicossociais como diz a definição de saúde da OMS.
O VII Congresso Paulista de Medicina do Trabalho que ocorrerá de 17 a 19 de maio de 2018, no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, quer propiciar a todos a possibilidade de se aproximar da área com outras perspectivas onde a gestão da saúde dos trabalhadores será a estrela que guiará para ou novo olhar da Medicina do Trabalho.
Participe.
Vera Lucia Zaher-Rutherford
Diretoria da APMT
Gestão 2016 – 2019