A Organização Mundial da Saúde – OMS estimula o aleitamento materno como a melhor fonte de nutrição infantil e reconhece os direitos da amamentação às mulheres trabalhadoras. A APMT já vem há algum tempo trazendo à discussão os cuidados que as lactantes devem ter em seus locais de trabalho. Para esta edição da NEWS APMT, trazemos o depoimento da doutora Débora Yumi, que além de nossa colega, também está em fase de amamentação do pequeno Lourenço, de um ano e seis meses de idade.
“A importância da amamentação supera qualquer expectativa sobre saúde se inserindo no contexto biopsicossocial e de saúde pública. É um rico processo de entrosamento entre indivíduos, criando o enlace mãe-filho, e exige um cuidado que irá influenciar de maneira positiva na conformação da personalidade.
Benefícios referentes à saúde do bebê, tais como: melhor imunidade com menores taxas de adoecimento e internação, promoção à saúde bucal e de desenvolvimento neuropsicomotor são motivos indubitáveis para adesão ao AM, além de existirem bônus econômicos e estudos recentes comprovarem impactos significativos na saúde da nutriz.
Atualmente pela legislação brasileira, conseguimos muitas conquistas para o apoio à amamentação, desde a licença maternidade usual de 120 dias até mesmo a possibilidade de prorrogação do período para 180 dias e aumento para 20 dias direcionado aos pais que se capacitam para apoiar essa fase.
Devemos estabelecer critérios para que ocorra uma sequência de fluxos que resultem no sucesso da amamentação exclusiva e prolongada às nutrizes e seus filhos. Não basta a implantação de uma sala de amamentação. É preciso sensibilizar a futura mãe no período pré-gestacional e ter outras ações que se estendam nesse processo.
Minha experiência como médica do trabalho, mãe e nutriz prolongada (tenho um filho de um ano e seis meses que amamento até hoje), ocorreu com sucesso não por fórmulas mágicas ou apenas na implantação de sala de amamentação, mas por possuir fatores favoráveis como persistência, atuar em empresas parceiras, medicina ocupacional e SESMT estruturados pelo bom relacionamento com os gestores que tinham ciência da importância da AM.
Nos locais que atuo existe um acompanhamento com as gestantes, análises e ações para evitar exposição à riscos ambientais teratogênicos, flexibilidade em relação aos horários quando ocorrem demandas médicas, e incentivo ao cuidado pré-natal.
Um dos fatores decisivos para o sucesso da minha amamentação prolongada foi a adesão à empresa cidadã, o que representa 180 dias de licença maternidade, garantindo assim a amamentação exclusiva com tranquilidade e dedicação necessárias.
A ação dos gestores, Dra. Jacqueline Cruz e Fabiano Freitas (líderes a quem agradeço), também foi fundamental pois, através de conversas e ajustes de férias e readaptação ao trabalho, obtive extremo conforto e confiança para me reinsserir no mercado de trabalho em plenitude.
Sugiro que inicialmente ocorra abordagem às gestantes e incentivo à amamentação reforçando todos os benefícios, e na sequência um período de licença maternidade que propicie o sucesso da amamentação exclusiva (ideal de 180 dias), adequação de férias pós licença maternidade (transição para introdução alimentar), ajuste em atividades laborais para uma readaptação do retorno ao trabalho, local adequado para ordenha/armazenamento e apoio à nutriz, esses são os ingredientes essenciais para o sucesso da mais bela atividade que já executei: AMARmentação materna.
Dra Débora Yumi Lopes Dias Fukino – Pós Graduada pela USP em Medicina do Trabalho; Titulada pela Anamt; Pós Graduada em Perícias Médicas pela Santa Casa de São Paulo; Pós Graduada em Nutrologia pela Abran; Médica do Trabalho no Hospital Estadual Infantil Darcy Vargas, Médica do Trabalho Coordenadora e Corporativa na Gerdau, e Preceptora de prática supervisionada dos residentes da medicina do trabalho da USP e Faculdade ABC.