A história do Dia Mundial Sem Tabaco: Uma luta de décadas por um futuro livre do tabaco
O Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado anualmente em 31 de maio, é uma iniciativa global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientizar sobre os perigos do uso do tabaco e promover a cessação do tabagismo.
O ano de 2024 marcou mais uma vitória brasileira no combate ao tabagismo. No mês passado, a diretoria colegiada da Anvisa decidiu por manter a proibição de cigarros eletrônicos no Brasil, em vigor desde 2009. Com a decisão, qualquer modalidade de importação desses produtos fica proibida, inclusive para uso próprio.
Motivos da proibição:
Riscos à saúde: A fumaça dos cigarros eletrônicos, mesmo que em menor quantidade do que os cigarros tradicionais, contém substâncias nocivas à saúde, como nicotina, metais pesados e compostos orgânicos voláteis, que podem causar diversos problemas de saúde, como:
Doenças respiratórias: Bronquite, asma, enfisema pulmonar e outras doenças pulmonares.
Doenças cardíacas: Infarto, AVC e outras doenças cardiovasculares.
Câncer: Câncer de pulmão, boca, garganta e outros tipos de câncer.
Proteção da saúde pública: A proibição visa proteger a saúde de todas as pessoas, especialmente crianças e não fumantes, dos efeitos nocivos da exposição à fumaça dos cigarros eletrônicos.
Falta de regulamentação: Ainda não há regulamentação específica para cigarros eletrônicos no Brasil, o que significa que não há controle sobre a qualidade, segurança e composição desses produtos.
Como forma de conhecimento para os médicos do trabalho, os dispositivos eletrônicos para fumar são também conhecidos como cigarros eletrônicos, vape, pod, e-cigarette, e-ciggy, e-pipe, e-cigar e heat not burn (tabaco aquecido).
A maioria dos cigarros eletrônicos usa bateria recarregável com refis. Esses equipamentos geram o aquecimento de um líquido para criar aerossóis (popularmente chamados de vapor) e o usuário inala o vapor.
Os líquidos (e-liquids ou juice) podem conter ou não nicotina em diferentes concentrações, além de aditivos, sabores e produtos químicos tóxicos à saúde – em sua maioria, propilenoglicol, glicerina, nicotina e flavorizantes.
No site da Anvisa, é possível ter mais informações sobre os cigarros eletrônicos.
Então não precisamos nem perder tempo discutindo que o cigarro eletrônico é completamente proibido em ambientes de trabalho, correto?
Dia Mundial Sem Tabaco 2024 tem o seguinte tema:
Proteger as crianças da interferência da indústria do tabaco
O Dia Mundial sem Tabaco de 2024 oferecerá uma plataforma para que os jovens de todo o mundo exijam que a indústria do tabaco pare de atingí-los com produtos prejudiciais à sua saúde. Jovens de todo o mundo estão apelando aos governos para adotarem políticas que os protejam das práticas manipuladoras das indústrias de tabaco e afins, incluindo o marketing implacável de seus produtos perigosos por meio de mídias sociais e plataformas de streaming.
O uso de cigarro eletrônico é maior entre crianças de 13 a 15 anos do que entre adultos em todas as regiões da OMS. Por exemplo, no Canadá, o uso dobrou entre jovens de 16 a 19 anos entre 2017 e 2022, e na Inglaterra (Reino Unido) triplicou nos últimos três anos.
Jovens de todo o mundo reconhecem o impacto negativo do setor sobre questões importantes para eles, como saúde física e mental, sustentabilidade, poluição plástica, devastação ambiental e mudanças climáticas, trabalho infantil, pobreza e desigualdade.
Além de todos os malefícios já mencionados acima, a Sociedade Brasileira do Sono (ABS), também chama atenção do impacto dos cigarros eletrônicos na qualidade do sono. A nicotina é uma substância psicoestimulante, tal qual a cafeína. Seu consumo deixa o usuário desperto, ligado, o que dificulta a progressão ao sono. A fissura, ou seja, a necessidade consumir a nicotina presente no cigarro, pode causar ansiedade, e um dos efeitos é a privação do sono. Há estudos, ainda, que avaliam um efeito negativo da nicotina sobre a secreção de melatonina, o que prejudica todo o nosso ritmo circadiano.
Pensando especialmente nos jovens e adolescentes, os maiores consumidores de cigarro eletrônico, o sono inadequado vai afetar o desenvolvimento físico, mental e emocional. O sono regula a liberação de hormônios do crescimento, que são essenciais para o desenvolvimento físico. Ele ainda está diretamente ligado à função cognitiva, incluindo a memória, o aprendizado e a concentração.
Jovens com problemas de sono têm mais irritabilidade, impulsividade, além de transtornos mentais como a ansiedade e depressão, necessitando de medicações psicotrópicas para tratamento, provocando outro tipo de dependência.
Nós médicos do trabalho precisamos mapear esse problema na população das nossas empresas e temos o dever de lançar estratégias de saúde, educacionais e terapêuticas para combater esse grande problema de saúde pública e que impacta também na produtividade econômica e no desenvolvimento da nossa sociedade.
Para mais informações:
Organização Mundial da Saúde (OMS): https://www.who.int/health-topics/tobacco
Ministério da Saúde: https://www.gov.br/saude/pt-br/
Instituto Nacional do Câncer (INCA):
https://en.wikipedia.org/wiki/Inca_Empire
Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC): https://sboc.org.br/
Agência Brasil: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2024-04/anvisa-publica-resolucao-que-proibe-cigarro-eletronico-no-brasil
Anvisa: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/tabaco/cigarro-eletronico
Sobre o autor:
Luis Pilan
Médico com Especialização em Clínica Geral, Medicina do Trabalho e Promoção da Saúde. Diretor Médico na Corretora Assertiv e especialista em Tratamento de Tabagismo no consultório particular.
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