Diante de todas as vantagens já conhecidas da amamentação, a grande questão que vivemos é o aleitamento em tempos de COVID-19. Nos deparamos com as dúvidas e inseguranças das mães e das famílias que por vezes acabam interrompendo a amamentação por medo ou por motivos diversos. É então nosso dever como profissionais, informar e divulgar para o maior número de pessoas a informação clara e correta. Esse mês tem sido um mês de divulgações intensas de ações de proteção ao aleitamento materno.
O tema escolhido para a Semana Mundial do Aleitamento Materno 2021, primeira semana deste mês, foi: “Proteger o aleitamento materno: uma responsabilidade compartilhada.” A Aliança Mundial para a Ação em Amamentação (WABA, pela sigla em inglês) selecionou o tema e reforça quatro grandes objetivos para este ano (1):
– Informar as pessoas sobre a importância de proteger o aleitamento materno;
– Ancorar o apoio à amamentação como uma responsabilidade essencial de saúde pública;
– Interagir com pessoas e organizações para um maior impacto;
– Promover ações de proteção ao aleitamento materno para melhorar a saúde pública.
A OPAS/OMS recomenda que a mulher com COVID-19 ou com suspeita mantenha amamentação exclusiva até 6 meses, a continuidade da amamentação com alimentação saudável até 2 anos de idade e início da amamentação nas primeiras horas de vida.
Sempre devemos reforçar e considerar a vontade da mulher, se ela quer ou não manter o aleitamento nessas condições. Se ela decidir continuar amamentando, alguns cuidados devem ser reforçados para minimizar a exposição viral adicional ao bebê (1,2,3,5):
– Lavar as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos antes de tocar o bebê e/ou antes de retirar leite;
– Usar máscara durante a amamentação;
– Limpar e desinfectar rotineiramente as superfícies
Outra dúvida comum trazida pelas mães é se elas devem lavar as mamas antes de oferece-las ao bebê. Somente se a mãe tiver tossido ou espirrado na região existe essa necessidade. A indicação então seria lavar a mama com água e sabão, secar bem com pano limpo e depois seguir com a amamentação, caso contrário não teria necessidade.
Outra situação é a mulher não se sentir à vontade para amamentar diretamente a criança e optar por retirar leite para ofertar ao bebê. A forma da retirada do leite dependerá da preferência materna, disponibilidade de equipamentos, custo e condições de higiene. Antes do início do procedimento tanto a mãe quanto quem irá apoiá-la (se tiver alguém) deverá lavar as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos. E todos os equipamentos de armazenamento devem estar devidamente higienizados (2).
O leite retirado, pode ser oferecido ao bebê em copinho ou colher higienizadas, por uma pessoa saudável que conheça a técnica correta de usar desses utensílios, sempre de máscara, após lavar as mãos com água e sabão por 20 segundos e de preferência com o esquema vacinal completo (3). Os recipientes que serão utilizados para o armazenamento do leite e para ofertar o leite materno para a criança devem ser lavados com água e sabão e depois fervidos por 10 a 15 minutos (a contar do início da fervura). Outros cuidados com bomba extratora e armazenamento podem ser encontrados na “cartilha para a mulher trabalhadora que amamenta” do Ministério da Saúde (4).
A questão da vacinação da mãe também é um questionamento frequente. As lactantes que receberam vacina podem continuar amamentando, a vacina protege a mulher que amamenta do COVID-19 e não coloca seu bebê em risco. O leite materno da mulher que recebeu a vacina possui anticorpos que podem ajudar na proteção do bebê (5).
Finalizo reforçando a importância do apoio às mulheres neste período por parte de nós profissionais e de toda a sociedade, de forma a permitir que o aleitamento seja uma prática mais natural e acolhida em todos os ambientes de possível convívio da mulher, seja profissional ou de lazer. A informação é maior potência que podemos entregar às mulheres e famílias. Promover o aleitamento é promover saúde e prevenir infecções de nossas crianças.
A OMS reforça: “Mães e bebês devem receber apoio para permanecer juntos e praticar o contato pele a pele e/ ou cuidado canguru, independentemente de eles ou seus bebês terem ou não uma infecção pelo vírus da COVID-19 suspeita, provável ou confirmada. Aconselhamento sobre aleitamento materno, apoio psicossocial básico e apoio prático sobre alimentação complementar devem ser fornecidos a todas as mulheres grávidas e mães com bebês e crianças pequenas.”
(Os artigos publicados refletem a opinião do autor)
Pollyana Oliveira Lira
Enfermeira consultora em aleitamento materno
Professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Contato: pollyolira@gmail.com
Referências:
Organização Pan-Americana e Saúde (OPAS). Campanha da semana mundial do aleitamento materno 2021.
Nota de alerta – O aleitamento materno em tempos de Covid-19. Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), março 2020.
Breastfeeding and Caring for Newborns if You Have COVID-19. Centers for Disease Control and Prevention, agosto 2021.
Cartilha para a mulher trabalhadora que amamenta, Ministério da Saúde, 2015.
WHO recommends continuing breastfeeding during COVID-19 infection and after vaccination. World Health Organization, Regional Office for Europe. Agosto, 2021.