O médico do trabalho e sua atuação para a saúde ocular
No dia 10 de julho é comemorado o Dia da Saúde Ocular. As doenças
oftalmológicas estão entre as mais importantes doenças da atualidade e
surgem como um dos principais problemas de saúde pública no Brasil, não
somente pelo impacto na qualidade de vida de seus portadores, como
também originando restrições ocupacionais, econômicas e sociais, entre
elas a incapacidade para o trabalho.
As doenças oculares aparecem entre as mais prevalentes na população
adulta brasileira, sendo frequentemente causas de concessão de benefícios
por incapacidade pela Previdência Social, levando a um aumento da
participação destas doenças no tocante às aposentadorias por invalidez
No Brasil, estudos relatam que 10% dos acidentes ocupacionais são
oculares, dentre esses, a maioria é superficial, correspondendo a 72% do
total. Da mesma forma, evidenciou-se uma relação direta dos traumas
oculares com acidentes ocupacionais, principalmente em indivíduos jovens
e do sexo masculino
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que a cada ano
cerca de 55 milhões de traumatismos oculares são responsáveis por perda
de dias de trabalho, sendo que os trabalhadores mais acometidos foram os
operários das indústrias, serralheiros e agricultores, e foi relatado que não
usavam os óculos de proteção nos traumas oculares por acidentes de
trabalho
No Brasil, estima-se que 10% das lesões ocupacionais sejam oculares,
pressupondo que as urgências oftalmológicas representam cerca de 7% dos
atendimentos em prontos socorros gerais, sendo as afecções mais
frequentes os traumas oculares contusos ou perfurantes, infecções oculares
e orbitárias, glaucoma agudo e as queimaduras químicas.
Dentre os traumas oculares, os corpos estranhos oculares em adultos
continuam sendo a principal causa de atendimento em um serviço de
emergência oftalmológica e desses, o trauma mais frequente é o de corpo
estranho superficial, representando aproximadamente 70% do total,
caracterizando a maioria destes acidentes e, consequentemente, a maior
parte dos dias de afastamento das atividades laborais.
Além disso, levando-se em consideração o grande número de adultos jovens,
acometidos pelos traumas oculares ocupacionais, observamos que mesmo
na ausência de complicações, o trauma ocular leva à incapacidade
temporária para o trabalho e consequentemente eleva o custo da
assistência médica e dos dias de afastamento.
Podemos concluir que os traumas oculares ocupacionais são facilmente
preveníveis com o uso de proteção adequada, e que a elevada incidência de
acidentes oculares, mostra a necessidade de atuação das entidades
oftalmológicas e de saúde ocupacional, por meio de campanhas educativas,
como programas continuados de educação e prevenção de traumas
oculares, além de fornecer subsídios às autoridades de saúde, para tornar
mais efetiva a atuação na prevenção de acidentes oculares. Além disso, o
não uso ou uso inadequado dos EPIs mostra-se como fator fundamental das
causas dos acidentes durante as atividades laborais.
REFERÊNCIAS
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população segurada da previdência social da Região Metropolitana do
Recife: análise de frequência [Dissertação]. Recife: Programa de Pós-
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Eduardo Costa Sá
Professor Adjunto da Escola Paulista de Medicina (EPM)/Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP). Título de especialista pela Associação
Médica Brasileira (AMB) em Medicina do Trabalho pela Associação Nacional
de Medicina do Trabalho (ANAMT) e em Oftalmologia pelo Conselho
Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Secretário do Comitê Científico “Work and
Vision” da International Commission on Occupational Health (ICOH), 2022-
- Membro efetivo do Conselho Científico e do Conselho Fiscal da
Associação Paulista de Medicina do Trabalho (APMT).