DIA MUNDIAL SEM TABACO – TABACO E SAÚDE PULMONAR

O Dia Mundial Sem Tabaco – 31 de maio – foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) — Centro Colaborador da OMS para controle do tabaco e responsável pelo Programa Nacional de Controle do Tabagismo — é o responsável pela divulgação e comemoração da data de acordo com o tema estabelecido a cada ano pela Organização.

A campanha do Dia Mundial Sem Tabaco é uma oportunidade de engajar todos os setores da sociedade internacional e, além disso, capacitar os países para fortalecerem a implementação do plano de medidas para conter a epidemia do tabagismo no mundo.

O tema deste ano é “Tabaco e saúde pulmonar” e tem o objetivo de alertar quais são os danos causados aos pulmões pela exposição ao tabagismo, seja ativo ou passivo. Seguem os principais pontos abordados na campanha:
Câncer de Pulmão

É de conhecimento de todos que o tabagismo é responsável por mais de dois terços dos casos de câncer de pulmão no mundo. Agora muitos não dão tanta atenção que a exposição passiva ao tabaco, em casa ou no ambiente
de trabalho, também pode causar a doença.
É bom lembrar, no entanto, que depois de cerca de dez anos sem fumar, a
chance de desenvolver essas neoplasias cai apenas pela metade. Por isso da importância de parar o quanto antes.

Doença respiratória crônica 
Parar de fumar é a medida mais efetiva para impedir o avanço da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e para controlar os sintomas da asma, melhorando a qualidade de vida para quem tem doenças respiratórias crônicas.
Agora outro ponto alarmante, é que globalmente, por volta de 165.000 crianças morrem antes dos cinco anos de idade por causa de infecções do trato respiratório inferior causadas por exposição ao fumo passivo. É um crime!

Tuberculose 
Um assunto que é pouco disseminado entre os médicos do trabalho é a relação do cigarro com a tuberculose. Os componentes químicos do cigarro podem fazer com que a tuberculose latente, presente em um quarto da população mundial, evolua para a forma ativa da tuberculose. Os efeitos do tabagismo nos pulmões agravam a tuberculose e aumentam substancialmente a chance de óbito por complicações respiratórias.

Poluição do ar
O contato com a fumaça do cigarro em locais fechados é uma forma perigosa
de poluição do ar. Afinal, o cigarro contém mais de 7.000 substâncias tóxicas, sendo que 69 delas são cancerígenas.
No caso dos Dispositivos Eletrônicos de Fumar (DEF), apesar de a fumaça ser invisível e inodora, ela permanece na atmosfera por cerca de cinco horas. Essa exposição também aumenta o risco de desenvolver câncer de pulmão e doenças respiratórias crônicas.
Segundo estudos do INCA, por ser uma novidade e existirem inúmeras formas, marcas e líquidos, os efeitos de longo prazo na saúde decorrente das inúmeras substâncias presentes no vapor dos cigarros eletrônicos, ainda não são completamente conhecidos. O consumo dos cigarros eletrônicos não é recomendado e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a comercialização, importação e qualquer tipo de propaganda.

Reforço que o uso de cigarro eletrônico não é tratamento alternativo para parar de fumar. Já temos evidências que fumantes que usam estes produtos tem menos chance de deixar de fumar.

Aproveito a oportunidade para destacar resultados importantes relacionados às iniciativas de combate ao tabagismo e apoio às vítimas dessa epidemia.

Leis que instituíram ambientes 100% livres da fumaça do tabaco reduziram a mortalidade infantil no Brasil ao limitar a exposição de crianças ao elemento nocivo. Essa é a conclusão do estudo Legislação de Ambientes Livres de Fumaça de Tabaco e Mortalidade Infantil, lançado durante a cerimônia do Dia Mundial Sem Tabaco, no INCA.

A Lei Antifumo no estado de São Paulo completou dez anos em maio e
mostra queda no número de fumantes na capital paulista. Em 2009, 18,8% dos 11 milhões de paulistanos eram fumantes, por volta de 2 milhões de pessoas. Já em 2017, o percentual de consumidores de cigarro entre os 12,2 milhões de pessoas da capital caiu para 14,2%, cerca de 1,7 milhão de pessoas.

Após um período de estagnação, o índice de brasileiros que se declaram como fumantes voltou a ter queda no país. Dados do Vigitel, apontam que, em 2018, 9,3% da população adulta se declarava como fumante. Há 21 anos essa taxa era de 32%.

Os homens ainda fumam mais do que as mulheres. Entre eles, o índice é de 12,1%. Já entre elas, é de 6,9%.
O estudo aponta ainda que a população menos escolarizada é a mais vulnerável ao cigarro —ao todo, 13% dos entrevistados com até oito anos de estudo disseram ser fumantes. A taxa ficou em 6,2% entre aqueles com 12 ou mais anos de estudo.

Em 2018, seis capitais apresentaram taxa de fumantes superior à média nacional. É o caso, por exemplo, de Porto Alegre, onde 14,4% dos adultos se declaram fumantes, além de São Paulo, com 12,5%, e Curitiba, com 11,4%. Já os menores percentuais foram registrados em Salvador e São Luís –ambas com 4,8%.

Além da proibição do fumo em ambientes fechados, outras iniciativas que contribuíram para a redução das taxas foram a publicação de imagens chocantes de advertências nos maços de cigarros e a proibição das propagandas de fumo no país, exceto nos locais de venda.

Embalagens padronizadas também são recomendadas pela OMS como uma medida eficaz de controle do tabagismo, e pelo menos 15 países estão explorando a adoção da medida.  As embalagens padronizadas tem o objetivo de eliminar a propaganda e promoção do cigarro, inibir embalagens com mensagens enganosas e aumentar a efetividade dos alertas de saúde.

No Brasil, tramita um projeto de lei no Senado que propõe a proibição total da propaganda de cigarros e do uso de aditivos de sabor nos produtos, estabelece padrão gráfico único nas embalagens dos cigarros e, também, altera a Lei do Código de Trânsito Brasileiro, para configurar como infração o ato de fumar em

veículos, quando houver passageiros menores de 18 anos e grávidas.

Finalizando devemos lembrar que de acordo com a OMS, o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo além de reduzir a expectativa de vida em 10 a 12 anos. É uma doença e tem tratamento.

Para os interessados na terapêutica recomendo o site do INCA como referência: inca.gov.br

 

 

Luis Augusto Sales Lima Pilan

Médico clínico geral, médico do trabalho e especialista em tratamento do tabagismo.

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