TRANSTORNOS MENTAIS SÃO TERCEIRA MAIOR CAUSA DE AFASTAMENTO DO TRABALHO

NOS DIAS ATUAIS, OS TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS ESTÃO ENTRE OS AGRAVOS DA SAÚDE MAIS PREVALENTES ENTRE OS TRABALHADORES. POR SEREM QUADROS DE SEGUIMENTO CRÔNICO, CAUSAM REPERCUSSÃO SOBRE A CAPACIDADE GLOBAL AO LONGO DO CURSO DA VIDA. DO PONTO DE VISTA EPIDEMIOLÓGICO OS QUADROS MENTAIS SÃO O TERCEIRO PRINCIPAL MOTIVO DE PAGAMENTO DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS POR INCAPACIDADE LABORATIVA NO BRASIL.CONVERSAMOS COM O DR. JOÃO SILVESTRE SILVA-JUNIOR, MÉDICO DO TRABALHO, DOUTOR E MESTRE EM SAÚDE PÚBLICA.
DOUTOR, QUAIS OS PRINCIPAIS FATORES NO TRABALHO QUE PODEM LEVAR AO AFASTAMENTO POR DOENÇA MENTAL

O adoecimento mental relacionado ao trabalho depende de exposição à fatores de riscos ambientais ou organizacionais.  Agentes químicos como mercúrio, chumbo e manganês, entre outros, podem levar à neurointoxicações ocupacionais que cursam com alterações de personalidade e humor. Ambientes com fatores psicossociais desfavoráveis podem causar repercussões negativas no campo psicossomático por sobrecarga física e mental decorrente dos estressores ocupacionais.

QUAL O PRINCIPAL MOTIVO DE AFASTAMENTO POR DOENÇAS MENTAIS? 

Entre as doenças mentais, os transtornos depressivos têm uma repercussão importante sobre o mundo do trabalho. A Organização Mundial da Saúde – OMS, estima que no Brasil a prevalência seja de 5,8%, e até 2020 tais quadros sejam a principal causa de perdas de dia de trabalho ao redor do mundo. No Brasil, a depressão é o principal motivo do afastamento por doenças mentais e está entre os dez principais motivos de pagamento de benefício auxílio-doença.

E A ANSIEDADE, É UM QUADRO MENTAL QUE TEM RELAÇÃO COM O TRABALHO?

Os quadros de transtornos de ansiedade podem ter relação com sobrecarga
quali-quantitativa em um ritmo de trabalho penoso. Assim, ao longo do tempo, se caracteriza uma falta de adaptação do trabalhador a tais condições estressoras laborativas, podendo gerar episódios de síndrome do pânico. A OMS estima uma prevalência de 9,3% de quadros ansiosos entre os brasileiros

AS DOENÇAS MENTAIS SÃO CONSIDERADAS DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO?
Diagnósticos de resposta aguda ao estresse se apresentam como o principal motivo de notificação de doença mental relacionada ao trabalho no Brasil (46,4%). Vivência de acidente de trabalho grave, exposição a situações de violência, como assalto à mão armada e contato com a morte, são gatilhos traumáticos que podem acometer trabalhadores. Os quadros de depressão (20,0%) e ansiedade (17,6%) também foram objeto de emissão de Comunicação de Acidente de Trabalho.

O QUE SERIA A SÍNDROME DE BURNOUT?  
A Síndrome de Burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um desfecho em saúde relacionado à exposição crônica a estressores ocupacionais. Tais quadros se caracterizam pela tríade exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional. A síndrome é descrita principalmente entre trabalhadores que lidam com prestação de serviços ao público como professores, profissionais da segurança pública e profissionais da saúde.

DE QUE MANEIRA SE PODE PREVENIR OS TRANSTORNOS MENTAIS NO TRABALHO?  
É importante que sejam estabelecidas medidas de promoção da saúde e prevenção de doenças. Como prevenção primária são necessários cuidados para evitar o desgaste mental com promoção de um ambiente saudável, conscientização de promoção da saúde mental e diminuição do estigma (psicofobia). Também se deve estimular um estilo de vida saudável com atividade física regular, evitar tabagismo e não ingerir bebidas alcoólicas excessivamente. Como prevenção secundária é necessário realizar a detecção precoce de casos para o direcionamento para intervenção terapêutica apropriada, minimizando episódios de absenteísmo e presenteísmo. No campo da prevenção terciária, deve-se focar no controle do dano a fim de diminuir os efeitos do adoecimento e propor ações de reabilitação social e profissional.

 

 

 

 

 

Dr. João Silvestre Silva-Junior é médico do trabalho (ANAMT/AMB), Doutor e Mestre em Saúde Pública, e professor dos Cursos de Especialização em Medicina do Trabalho da Santa Casa de São Paulo e da Faculdade de Medicina da USP.

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