O mito do envelhecimento humano nas empresas

O envelhecimento humano fisiológico (senescência) é acompanhado de alterações anatômicas, fisiológicas e psicológicas que diferenciam os cuidados e a atenção ao paciente idoso.  Sabemos que estas alterações se iniciam próximo dos 40 anos e terão repercussões na saúde e qualidade de vida dos trabalhadores. Para falar sobre o assunto, o NEWS APMT foi conversar com o doutor Leonardo Piovesan Mendonça.

DOUTOR, QUANDO PODEMOS DEFINIR OS LIMITES DE IDADE QUE CARACTERIZA O ENVELHECIMENTO HUMANO FISIOLÓGICO?
Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, os 45 anos é a linha divisória entre os trabalhadores jovens e idosos (Safe and Healthy. A Guide to Managing an Aging Workforce, 2006). As ações de promoção da saúde são de grande importância e impacto para promover o envelhecimento saudável e bem-sucedido, postergando assim os efeitos do envelhecimento na capacidade laboral.

DE QUE FORMA A EMPRESA PODE CONTRIBUIR PARA PROMOVER O ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL DE SEUS COLABORADORES?
Os programas de prevenção e promoção nas empresas podem contribuir neste sentido se planejados e adequados para esta população. As ações individuais e coletivas como as consultas periódicas (abordagem multidimensional e global), o estímulo a prática de atividade física, alimentação saudável, o combate ao estresse, aos hábitos e vícios indesejáveis e a promoção da saúde mental, compõem o alicerce destas iniciativas.

A PRODUTIVIDADE DIMINUI COM A IDADE?
Alguns mitos e paradigmas necessitam ser revistos e melhor compreendidos pelos profissionais de saúde e segurança no trabalho, a saber: a produtividade não diminui com a idade, podendo até melhorar devido a maior precisão, responsabilidade e tomada de decisões melhores; os idosos são tão adaptáveis quanto os mais jovens, embora sejam mais questionadores por terem vivenciado mudanças que deram errado; a inteligência não muda com a idade.

PESSOAS MAIS VELHAS, COM MAIS EXPERIÊNCIA, SÃO CAPAZES DE CRIAR IDEIAS INOVADORAS NUM AMBIENTE ALTAMENTE TECNOLÓGICO QUE SE VIVE NAS EMPRESAS?
São pessoas com mais experiência, e estudos mostram que 80% das ideias inovadoras que agregam maior valor, vêm de pessoas com mais de 40 anos. Elas podem ter maior remuneração, mas o custo da substituição pode sair ainda mais caro devido ao tempo de formação e da experiência. Apesar do custo individual ser maior, tem menos dependentes, tendem a apresentar menos faltas por casos agudos e acidentam-se menos.

PARA FINALIZAR, O DOUTOR TEM ALGUMAS DICAS PARA ACABAR COM ALGUNS MITOS DA IDADE? 
É importante desfazer os estereótipos dos trabalhadores mais velhos, revisar políticas internas para contemplar o novo cenário das empresas (envelhecimento populacional e da força de trabalho), adequar programas de saúde e de recursos humanos, gerenciar as doenças relacionadas à idade (crônico-degenerativas) e propiciar oportunidades para todos os trabalhadores.

Doutor Leonardo Piovesan Mendonça é Coordenador de Saúde Ocupacional
Centro de Atenção a Saúde e Segurança do Colaborador (CASSC)
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Especialista em Medicina do Trabalho pela ANAMT e em Geriatria pela SBGG.

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