Relação entre o turno de trabalho e a prevalência de transtorno depressivo na equipe de enfermagem de pronto socorro de um hospital municipal

Minha experiência com o TCC e o que ele me ajudou na minha prática de médica do trabalho, bem como aos demais interessados na área de saúde do trabalhador:

Compartilho com vocês a minha experiência na elaboração do TCC durante a minha formação de pós-graduação em Medicina do Trabalho, na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2013) e o impacto na minha prática de médica do trabalho e aos demais interessados na área de saúde do trabalhador.

Todos nós, na posição de discentes, sabemos que o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que é um instrumento curricular obrigatório na maioria dos cursos de Graduação e Pós-Graduação. Durante a execução há necessidade de uma construção crítica e segura do tema que será pesquisado pelo aluno. Trata-se de um processo de aprendizagem que ocorrem em etapas por meios de questionamentos constantes, reflexão, recuos, novos caminhos, indagações e postura ética, que são elementos essenciais para a qualidade final que se espera em um TCC.

Na época do TCC, trabalhava num Hospital Municipal no extremo da Zona Sul de São Paulo. Me chamou a atenção a grande carga de trabalho da equipe do Pronto Socorro, pois localizado numa região carente, em situação de vulnerabilidade, as situações que esta equipe se deparava iam além de atendimentos de pronto socorro, também aconteciam diversas situações sociais que impactavam na atividade desta equipe. Esta foi a minha primeira escolha: entender a prevalência de transtorno depressivo da equipe do Pronto Socorro.

Fico feliz em ter feito esta escolha, pois a coleta de informações não foi fácil e isto fez que eu entrasse no “mundo do pronto socorro”. Conheci a dinâmica de trabalho destes funcionários, fiquei muito próximos a eles. Fiquei por semanas nesses corredores e em todos os horários. Eles se sentiram cuidados e protegidos. Ao finalizar este TCC foram sugeridas propostas de melhorias ao setor e foi muito gratificante.

Tive o privilégio de estudar nessa grande instituição, com professores diferenciados e de grande bagagem. Aprender com diferenciados docentes fazem toda a diferença. Admito que meu orientador foi exigente comigo e isto me ajudou muito. Na época enviava por e-mail a monografia, ele fazia as correções e devolvia. Foram inúmeros e-mails ao longo dos meses. Nisto aprendi mais uma lição: ser exigente com o trabalho que faço e resiliente no desempenho e construção de um bom trabalho. Confesso que fiquei muito orgulhosa com o trabalho final, valeu a pena todo o esforço e dedicação aplicada.

Recorrer a literatura cientifica atualizada é uma prática que todo bom profissional deve seguir. As aulas teóricas sobre a construção de TCC ajudam a todos os alunos que não tiveram a experiência de fazer durante a graduação, um trabalho científico. Neste momento aperfeiçoamos nossos conceitos de epidemiologia, modelos de estudos científicos, definição de grupo de estudo e de ter senso crítico da literatura científica atualizada. Acredito que todos estes conceitos deveriam estar presentes na atuação e serem norteadores de qualquer decisão de um médico do trabalho, principalmente quando estamos na posição de gestor. E foi isto que aconteceu comigo: Levei a experiência técnica cientifica para a minha prática do dia a dia, nas empresas em que atuei (e atuo). Usando estas ferramentas a nossa capacidade analítica de identificar os ofensores em determinadas situações, o nosso senso crítico e habilidades de gestão ficam aprimorados.

No TCC utilizei duas ferramentas, dois questionários homologados: Inventário de depressão de Beck e o Self Report Questionnaire (SRQ-20). Até os dias de hoje aplico estes questionários nas empresas da minha atuação para acompanhamento da prevalência de transtornos depressivos dentro da nossa população.

Para que o médico do setor de saúde de uma empresa atue de forma precisa, o cenário ideal é a formação de banco de dados atualizado de saúde dos trabalhadores com a análise profunda e técnica dos mesmos, desta forma o plano de ação do médico gestor de saúde nas empresas, será o mais adequado. Minha mensagem a vocês: quanto melhor a qualidade de informações que “coletamos”, maior será o entendimento do “problema” (entendimento do cenário) e por meio de estudos científicos, as vezes associados também a ferramentas de gestão, chegaremos as respostas dos nossos questionamentos.

Confira mais detalhes no TCC: clique aqui

Jessica Andrea Bravo Santana
Médica do Trabalho Regional – Ambev
Médica do trabalho – Bradesco
CRM-SP: 142.688

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