Saúde Mental

Saúde Mental – esta donzela tão desconhecida. Cantada em verso e prosa, nas bocas de tantos estudiosos, dançando nas águas de rios calmos e caudalosos, mergulhando em águas cristalinas que sem se perceber podem ser escuras e densas, tecendo na vida um vai e vem calmo e frenético que existe em cada um. Pensar e repensar sobre sua definição pessoal exige ir muito além da chamada definição científica.

 

Quando pensamos nela no rodopiar da maternidade é impossível imaginar esta moça não se transformando rapidamente em uma mulher que precisa buscar sua sabedoria interna e ancestral para garantir uma existência real, de altos e baixos, de erros e acertos, de dúvidas e felicidade plena. Conviver com esta mulher, que já foi menina moça é convidar as duas para juntas traçarem uma história singular e pessoal – Mulher e Saúde Mental. Muitas vezes uma delas escapa e desaparece sem deixar vestígios, outras vezes cansa e fala não brinco mais, em outras ainda resolve se infantilizar e não assumir as responsabilidades que assumiu com a primeira de nunca abandoná-la, mas em muitas mas muitas vezes ambas conseguem viver diariamente apoiando-se mutuamente.
Este é o grande desafio destas mulheres. – um caleidoscópio furta-cor que escorre pelos dedos das mãos quando se tenta definir Saúde Mental Materna.

 

Falar da mulher e de ser mãe requer um mergulhar profundo sobre o ser humano, as questões de gênero, os desafios da existência e empoderamento, a sobrevivência no mundo atual e, acima de tudo, o delicado cuidado diário, constante de estar consigo mesma, com o outro ,quer seja na criação de um novo ser, quer seja nos afetos a serem disseminados a todos ao seu redor.
Antes de ser mãe, a mulher é menina, moça, constrói-se e desabrocha como mulher. Uma construção diária de autoconhecimento e pertencimento em um espaço de existência num mundo ainda fortemente marcado por disputa de poder, força física, violência, humilhações frente a uma sociedade ainda muito machista e que desautoriza o valor de cada um, de cada mulher na vida.
O mundo mudou e ser mãe não é mais “padecer no paraíso”. A maternidade pode ser dura, desgastante, solitária, sem possibilidades de voltar atrás e às vezes muito frustrante. Por outro lado, o desejo de ser mãe, acompanhar o crescimento de um novo ser, realizar um sonho de perpetuar sua história e a história familiar, alimentar-se desta nova vida, participar do crescimento e desenvolvimento de um novo ser, construir um núcleo familiar com ou sem mais participantes, é que faz destas mulheres-mães o berço que embala o futuro das gerações.

 

Entretanto, no mundo real, nem tudo são flores. A falta de políticas públicas para as mulheres já grávidas ou puérperas, ou ainda aquelas mulheres que sonham em ser mães, mostra-se muito distante no nosso país. Faltam apoios governamentais, sociais e institucionais que garantam que a maternidade possa ser exercida adequadamente; e que o desejo de ser mãe possa ser realizado com a certeza que o fruto desta nova geração possa se desenvolver em condições de afetos, de vínculos e de tempo sem que haja prejuízo para o seu desenvolvimento. Para isto a mãe ou futura mãe precisa se dedicar mais do que qualquer outro representante familiar, para esta criança em formação. Precisa de tempo e garantias que estará amparada quer por si mesma, pela família e pelo Estado e Instituições.

 

O desafio agora é conciliar todos os desejos de desenvolvimento pessoal e profissional com o de ser mãe e compartilhar a maternidade com o companheiro (a) ou até sozinha com a certeza que podendo viver a dança da vida poderá trazer ao mundo uma nova esperança que ri, chora, grita, faz manha, abraça, sente-se protegido, que trás alegrias e felicidade, trabalho e cansaço mas que justifica cada minuto investido em sua existência. Este ainda é o caminho do mundo e do nosso planeta.
E agora, um pouco de ciência – A Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua a saúde mental como “um estado de bem-estar em que o indivíduo realiza suas capacidades, supera o estresse normal da vida, trabalha de forma produtiva e frutífera e contribui de alguma forma para sua comunidade”. A saúde mental é reconhecida como elemento integrante da saúde geral e como um direito básico e fundamental.

 

Já o Ministério da Saúde afirma que saúde mental não se limita apenas ao que sentimos individualmente. Ela é uma rede de fatores relacionados. O bem-estar de uma pessoa não depende apenas do aspecto psicológico e emocional, mas também de condições fundamentais, como saúde física, apoio social, condições de vida. Além dos aspectos individuais, a saúde mental é também determinada pelos aspectos sociais, ambientais e econômicos. “A saúde mental não é algo isolado, é também influenciada pelo ambiente ao nosso redor. Isso significa que deve-se considerar que a saúde mental resulta da interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Pode-se afirmar que a saúde mental tem características biopsicossociais”.

 

Já a Saúde Mental Materna, é definida como o bem-estar de uma gestante, puérpera ou quem já é mãe há algum tempo que irão lidar com a maternidade pelo resto de suas vidas. É esperado que ela esteja consciente de suas próprias capacidades e consiga viver com qualidade, sendo capaz de contornar as situações adversas com equilíbrio emocional.

 

O dia da Saúde Mental Materna é comemorado no mês da mulher, na primeira quarta-feira de maio, chamada de Campanha Maio Furta-Cor e visa conscientizar sobre a importância de tratar sobre transtornos mentais na maternidade.

 

 

Dra. Vera Lucia Zaher-Rutherford
Médica e Psicóloga pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Doutora em Ciências: Medicina Legal pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professora colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e médica do Laboratório de Investigação Médica do Hospital das Clínicas da FMUSP – LIM 01. Tem experiência na área de Medicina e Psicologia com ênfase em Bioética, Saúde Mental e a interface com o Trabalho, atuando principalmente como professora universitária, psicoterapeuta e em assessorias nas áreas de ética e saúde mental.

 

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